INTEGRAL CERTIFICAÇÕES AGORA É FAIRFOOD

Exigências dos consumidores podem transformar a indústria de proteína suína

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Ao adotar certificações de bem-estar animal, empresas fornecem informações sobre as práticas de produção e entregam produtos com alto valor agregado, além de promoverem uma produção responsável e sustentável em toda a cadeia.

Por Camila Santos

Revista Suinocultura Industrial

No cenário atual do agronegócio, compreender o comportamento do consumidor e priorizar o bem-estar animal tornaram-se premissas fundamentais para produtores e profissionais do setor de alimentos de origem animal. Os consumidores estão cada vez mais atentos à forma como os produtos são produzidos, valorizando o respeito aos animais e as boas práticas de criação. Essa mudança de comportamento reflete maior consciência sobre a importância de se garantir uma vida digna e livre de sofrimento para os animais, desde o nascimento até o abate. Esse movimento tem impulsionado a adoção de práticas humanitárias e sustentáveis no setor, estimulando a busca por produtos que atendam a esses critérios.

O avanço da tecnologia e o acesso facilitado à informação têm desempenhado um papel fundamental na conscientização dos consumidores sobre as condições de produção dos alimentos de origem animal. Diante desse novo cenário, as escolhas dos consumidores têm se pautado cada vez mais por critérios relacionados ao bem-estar animal. As tendências de mercado apontam que parcela significativa dos consumidores está disposta a pagar mais por itens que sejam produzidos de forma ética e sustentável, levando em consideração o bem-estar dos animais. Essa demanda tem impactado diretamente as estratégias das empresas, que buscam se adaptar às novas exigências do mercado, implementando medidas que garantam boas práticas de criação e certificações de bem-estar animal.

Ao adotar práticas de bem-estar animal, as empresas demonstram um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social – dois pilares do ESG (governança ambiental, social e corporativa). A preocupação com o bem-estar animal está diretamente relacionada à dimensão social do ESG, considerando o respeito e a dignidade dos animais como parte do desenvolvimento sustentável. Além disso, o bem-estar animal contribui para a mitigação de impactos ambientais, como a redução do estresse e a melhoria das condições de vida dos animais, o que pode resultar e o menor consumo de recursos naturais.

No que diz respeito a governança, a certificação de bem-estar Animal desempenha papel importante na garantia da conformidade com normas e padrões estabelecidos. Ao adotar e buscar a certificação, as empresas demonstram um compromisso com a transparência, a qualidade e a confiabilidade de seus produtos, bem como com o cumprimento de requisitos legais e éticos. Isso fortalece a governança corporativa e gera confiança tanto para os consumidores quanto para os investidores.

A incorporação do bem-estar animal no âmbito do ESG também está relacionada ao desenvolvimento de cadeias de suprimentos sustentáveis. Os consumidores e as empresas têm se tornado mais conscientes sobre a origem dos produtos que consomem, buscando informações sobre as práticas de produção e as condições em que os animais são criados. Ao adotar as certificações de bem-estar animal, ela se alinham a essa demanda, promovendo a produção responsável e sustentável em toda a cadeia.

Nesse contexto, a certificação de bem-estar animal tem se destacado como uma ferramenta de credibilidade e transparência na produção de suínos. Confira entrevista exclusiva com Flávia Fontes, doutora em ciência animal pela UFMG e CEO da Integral Certificações/FairFood, especialista em comportamento do consumidor, que compartilhou sua visão sobre o reflexo do selo de bem-estar animal no momento da escolha dos produtos pelo consumidor final.


Suinocultura Industrial – De que maneira o bem-estar animal tem se destacado como a principal tendência de consumo no setor de alimentos de origem animal?
Flávia Fontes – O bem-estar animal tem se consolidado como a principal tendência de consumo no setor de alimentos de origem animal. Pesquisas de mercado, principalmente realizadas fora do Brasil, têm apontado essa tendência. No Brasil, também existem estudos que mostram a crescente importância do bem-estar animal como critério de escolha dos consumidores, principalmente na área de laticínios com produtos certificados.

SI – Quais são os benefícios da certificação de bem-estar animal nas etapas do processo produtivo?
Flávia Fontes – A certificação de bem-estar animal garante a aplicação de princípios que impactam todas as etapas do processo produtivo. Ao assegurar alojamento adequado, conforto térmico, saúde e outros parâmetros, promovemos melhorias no ganho de peso, nos índices reprodutivos e na eficiência de conversão alimentar.

SI – De que forma os Índices econômicos são impactados pela adoção de práticas de bem-estar animal?
Flávia Fontes – A adoção de práticas de bem-estar animal tem impacto direto nos índices econômicos, uma vez que influencia o desempenho zootécnico. Ao garantir o bem-estar animal, melhora-se a produtividade da granja, o que contribui para a redução de custos. Além disso, a granja certificada pode obter benefícios adicionais, como maior retenção de talentos, valorização do produto perante os clientes, melhor imagem institucional e sustentabilidade a longo prazo.

SI – Quais são os principais impactos das cerificações de bem-estar animal na criação de suínos, tanto em termos técnicos quanto econômicos?
Flávia Fontes – As certificações de bem-estar animal têm impactos significativos na melhoria dos índices técnicos e, consequentemente, no desempenho econômico da atividade. Além disso, essas certificações agregam valor aos produtos finais, uma vez que os consumidores valorizam e buscam itens provenientes de animais criados com bem-estar

SI – Como o bem-estar animal pode afetar a qualidade da carne suína?
Flávia Fontes – O bem-estar ao longo de todo o processo, desde a granja até o momento do abate, tende a reduzir o estresse dos animais e a evitar a liberação de hormônios relacionados a essa condição, o que pode afetar negativamente qualidade da carne, resultando em menos maciez e ocorrência de carne pálida, mole e exsudativa.

SI – Além dos benefícios econômicos, quais são os impactos do bem-estar animal nas granjas em termos de funcionários e colaboradores?
Flávia Fontes – Além dos benefícios econômicos, o bem-estar animal tom impacto positivo significativo nos funcionários e colaboradores, bem como no sistema produtivo e na comunidade em que estão inseridos. Estudos têm demonstrado que maus-tratos aos animais podem estar relacionados a comportamentos violentos, como violência doméstica, abuso e abandono de incapazes. A implementação do bem-estar animal nas granias melhora o ambiente de trabalho, reduz a rotatividade de funcionários e promove a retenção de talentos.

SI – De que forma o bem-estar animal se enquadra na agenda de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas?
Flávia Fontes – O bem-estar animal está alinhado com a agenda de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas especialmente no contexto da abordagem ESH (Environmental, Social and Governance). O bem-estar animal é considerado um aspecto social importante, pois envolve o cuidado com os animais e as pessoas que trabalham com eles. As empresas do setor de alimentos de origem animal têm adotado compromissos públicos relacionados ao bem-estar animal como parte de sua Agenda ESG.

SI – Qual é a importãnc1a da certificação de terceira parte no contexto das certificações de bem-estar animal?
Flávia Fontes – A certificação de terceira parte é um aspecto crucial nas certificações de bem-animal , isso significa que uma entidade independente, uma empresa certificadora internacional, realiza as auditorias nas granjas, indústria ou frigoríficos, garantido a imparcialidade e a credibilidade do processo de certificação. É fundamental que a certificação seja realizada por um órgão acreditado, para assegurar a conformidade com os protocolos estabelecidos e aumentar a confiança dos consumidores nos produtos certificados.

SI – Quais são os riscos de certificações desenvolvidas por empresas com interesses comerciais na cadeia de produção de alimentos de origem animal?
Flávia Fontes – Certificações desenvolvidas por em­ presas com interesses comerciais na cadeia de produção de alimentos de origem animal apresentam riscos para a credibilidade e a confiança dos consumidores. Quando uma certificação é criada por uma empresa de insumos ou nutrição, por exemplo, para beneficiar seus próprios clientes e impulsionar suas vendas, isso pode gerar desconfiança por parte dos consumidores. É essencial que as certificações se1arn desenvolvidas e auditadas por entidades independentes para garantir sua imparcialidade e validade.


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