INTEGRAL CERTIFICAÇÕES AGORA É FAIRFOOD

Um olho na vaca e outro no mercado
Mercado

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Em artigo publicado em periódico internacional, pesquisadores brasileiros demonstraram a percepção de consumidores e produtores sobre a adoção de programas de certificação em bem-estar animal em fazendas leiteiras.

O mercado de leite e derivados brasileiro sofreu forte impacto pela Covid-19, com reflexos na realidade do produtor e no preço do litro de leite. Apesar do futuro conturbado e incerto, a demanda por produtos lácteos segue relativamente firme após a vacinação e o retorno às atividades presenciais. De acordo com dados da Embrapa (2021), durante o período de isolamento social, o brasileiro aumentou seu consumo de lácteos. Portanto, com moderação, a expectativa é de aumento da produção não só no Brasil, mas no mundo.

Em 2020, o consumo de lácteos per capita atingiu 178 kg/ano no país. No mesmo período, foram identificados fenômenos de diversificação de produtos e lançamento de novas linhas, como a do leite A2 e a do leite proveniente de fazendas certificadas em bem-estar animal (BEA). Ainda, com a facilidade de acesso às informações, o consumidor tornou-se mais preocupado com a origem e a adoção de boas práticas nos sistemas de produção. Assim, tem procurado por produtos de maior qualidade, com maior benefício à saúde e produzido de forma mais sustentável, respeitando tanto o BEA quanto o meio ambiente.

A adoção de práticas que favorecem o BEA são essenciais na conquista de um mercado cada vez mais exigente. O BEA, inclusive, tem se mostrado como determinante na compra de produtos lácteos em todo o mundo, ampliando o consumo do chamado “leite vegetal”, bebida derivada de diferentes tipos de grãos ou vegetais.

Visto isso, não é difícil compreender que os sistemas leiteiros devem atravessar mudanças para absorverem as demandas do mercado consumidor e inibirem a parada do consumo de lácteos por questões ligadas à forma de produção.

Após investigar a percepção dos consumidores e dos produtores de leite brasileiros em relação ao BEA, a Integral Certificações, juntamente com pesquisadores de diferentes instituições de ensino brasileiras – entre elas, UNICEP, UFMG, UNESP e UVV – publicou, em 2022, artigo no periódico Journal of Dairy Research, apresentando os resultados de pesquisa realizada com 409 consumidores e 158 fazendas leiteiras.8AC440Após investigar a percepção dos consumidores e dos produtores de leite brasileiros em relação ao BEA, a Integral Certificações, juntamente com pesquisadores de diferentes instituições de ensino brasileiras – entre elas, UNICEP, UFMG, UNESP e UVV – publicou, em 2022, artigo no periódico Journal of Dairy Research, apresentando os resultados de pesquisa realizada com 409 consumidores e 158 fazendas leiteiras.

Por meio de questionário entregue aos consumidores, os pesquisadores investigaram o perfil de consumo de lácteos do entrevistado, o domínio dos conceitos sobre bem-estar, o conhecimento sobre a certificação em BEA de fazendas leiteiras e as percepções sobre produtos certificados à venda em supermercados e lojas. Já o questionário aplicado aos produtores contemplava perguntas sobre o sistema adotado, o uso de tecnologias, as principais patologias presentes no rebanho, os protocolos sanitários e de ordenha da fazenda, o selo BEA para fazendas leiteiras e o conhecimento de termos como “dor e ausência das liberdades do bem-estar”.

Visão do consumidor

De acordo com os dados obtidos, 80% dos consumidores entrevistados relataram consumir leite uma ou mais vezes por dia.

Quando questionados sobre a percepção sobre o BEA nas fazendas, mais de 90% dos entrevistados disseram conhecer o assunto, mas somente 60% declararam saber como os animais são criados.

Questionados sobre a forma de produção, mais de 85% apontaram preocupações relacionadas ao sistema de criação brasileiro e quase metade dos participantes considerou que as vacas sofrem nas fazendas. Os principais motivos citados para tal preocupação dizem respeito à restrição de movimento dos animais e à separação entre vaca e bezerro. Em segundo plano, os entrevistados citaram a produção e a reprodução excessivas, o manejo alimentar ruim, o excesso de ordenhas ou ordenhas inadequadas, o pouco cuidado com os animais, o uso excessivo de antibióticos e hormônios, a agressão física, o estresse térmico e a má higiene dos animais.

Com relação à restrição de movimento, acredita-se que os entrevistados se refiram à criação de vacas em galpões. As vacas leiteiras, é sabido, dividem o dia em três momentos: alimentação, descanso e atividades que incluem interação com outros animais, ordenha, dentre outras. Isso significa que a vaca 76 passa, pelo menos, um terço do seu dia deitada por hábitos naturais da espécie. Já a separação da mãe e do bezerro é realizada para a otimização do manejo e o resguardo sanitário da cria. No entanto, muito é discutido sobre o tema e algumas práticas têm sido estudadas para amenizar o estresse pós-separação mãe-cria. Quanto aos demais pontos citados, muitos apontaram desconhecimento das práticas das fazendas. O manejo alimentar, o uso consciente de medicamentos, a relação homem-animal-máquina, a higiene, o conforto, a saúde e os processos de ordenha são pontos de exigência nos sistemas produtivos certificados em bem-estar animal da Integral Certificações.

Em referência aos sistemas de certificação, os pesquisadores pontuaram que mais de 60% dos consumidores brasileiros afirmaram terem conhecimentos sobre sistemas de certificação e quase 95% demonstraram interesse em adquirir produtos certificados, sendo que 86% mostraram-se dispostos a pagar mais caro por produtos (entre 3 e 10% a mais) que tenham averiguação e certificação de boas práticas associadas ao BEA. Dentre as principais exigências para o pagamento diferenciado está a confiança acerca da ausência de abuso animal, das boas ações humanas durante o manejo animal, das práticas adequadas de criação de bezerros, dos bons locais de descanso, da ausência de restrição de movimento e da ausência de estresse térmico.

Ao concatenar as respostas dos produtores, os pesquisadores apontaram que o tamanho de seus rebanhos varia entre menos de 200 a mais de 1000 animais e a produção de leite diária compreende 12 a 34 mil litros. Desse grupo de produtores, 43% relataram utilizar sistema de pastejo, enquanto 21% operam em pastejo rotacionado e quase 25% em sistema confinado (Composto, Freestall ou Tie-stall), no qual grande parte inclui ordenha mecânica na ausência do bezerro.

Quanto às características intrínsecas aos sistemas, como o descarte de bezerros machos – pauta importante e incansavelmente discutida – quase metade dos produtores disse criá-los até um ano de idade e vendê-los para engorda. Quanto às questões relacionadas ao conforto e ao estresse, foi observado que medidas como o uso de ventiladores e aspersores para controle de temperatura e o plantio de árvores para fornecimento de sombra têm sido amplamente difundidas nas fazendas. Além disso, todos os produtores consultados relataram que o rebanho tem acesso a água em abundância durante todo o dia e, alguns deles, também fornecem formas de enriquecimento ambiental aos animais, como cordas, correntes, bolas e escovas (Gráfico 1).

Quanto à saúde dos animais – uma das grandes preocupações do mercado –, os produtores relataram que problemas como mastite, doenças reprodutivas e podais são os mais frequentes. As ocorrências dessas afecções estão correlacionadas, uma vez que o estresse leva ao aumento do cortisol, que interfere na imunidade.

Isso torna o animal mais suscetível às doenças, provoca queda em sua produção, altera a composição e a qualidade do leite, aumenta os gastos com tratamento e, por consequência, reduz a rentabilidade do sistema.

Os laticínios exigem leite de qualidade para beneficiarem os produtos derivados, de forma que pagam menos ou recusam leites de composição nutricional alterada ou baixa qualidade. Além disso, a venda de leite com resíduos de antibióticos é proibida pela legislação. Por esse motivo, é imprescindível que o produtor previna e, quando necessário, trate e separe a vaca doente.

Tanto pela perspectiva econômica quanto pela perspectiva do BEA, não é interessante para o produtor que o animal adoeça e tenha condições ruins de manejo.

Com a finalidade de compreender quais são os conhecimentos em saúde e em BEA aplicados nas fazendas, os produtores foram questionados sobre a percepção das consequências do mal-estar dos animais. A maioria apresentou ter conhecimentos sobre BEA e indicou o que poderia levar às situações de desconforto e dor (Gráfico 2).

Apesar de 27% dos produtores terem afirmado desconhecer os sistemas de certificação, quase 70% asseguraram disposição para adotar sistemas de BEA e programas de certificação.

Diferentes foram as causas para adesão: valor agregado ao produto, retorno financeiro, fornecimento de mais conforto aos animais, melhora e organização dos processos internos e criação de percepção positiva nos consumidores.

O mercado pede garantias

Numa avaliação dos resultados da pesquisa – tanto da perspectiva do consumidor quanto na do produtor –, é possível assegurar que há espaço no mercado para produtos certificados, bem como há pressão dos consumidores para a revisão dos sistemas e das práticas que aprimorem o BEA nas fazendas. Sendo assim, o produtor deve estar sempre atento aos animais, mas também aos movimentos que o cerca. Desenvolver a pecuária leiteira com foco no BEA exige que sejam identificadas as necessidades do animal, do consumidor, da indústria e do produtor, numa harmonia que só gera bons frutos. E esse é o trabalho da Integral Certificações.

HÁ ESPAÇO NO MERCADO PARA PRODUTOS CERTIFICADOS, POIS OS CONSUMIDORES PRESSIONAM POR BOAS PRÁTICAS ASSOCIADAS AO BEA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO


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