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VOCÊ SABE O QUE É LEITE A2?
PROTEÍNAS / CASEÍNAS
Para falar sobre o que é o leite A2, primeiro precisamos entender a composição do leite de vaca. A água é o principal componente do leite, correspondendo em média a 88% e os outros 12% são o que chamamos de sólidos totais. Dentro dos sólidos temos 3,5% de gordura, 5% de lactose, 0,5% de minerais e 3% de proteína, que é onde o leite A2 se diferencia.
Nós podemos ter dois tipos de proteínas no leite, as proteínas do soro, famosas whey protein, e a caseína. A caseína compõem 80% das proteínas do leite e por sua vez podem ser de alguns tipos, mas o que nos interessa é a ß caseína que representa 30% das caseínas do leite. No mesmo raciocínio, as ß caseínas se dividem em 2 tipos, A1 e A2.
NATURALMENTE MAIS FÁCIL DE DIGERIR
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A ß caseína do leite de vaca possui 209 aminoácidos, e a variação entre o tipo A1 e A2 é somente no aminoácido 67. Durante o processo de digestão da caseína A1 temos a clivagem da proteína no aminoácido 67 e formação de um peptídeo bioativo que causa desconfortos gastrointestinais em pessoas sensíveis, a ß-casomorfina 7, o que não ocorre no caso da ß-caseína A2.
Este peptídeo exerce uma variedade de efeitos na função gastrointestinal dos humanos, incluindo a redução da frequência e amplitude das contrações intestinais e o aumento de secreções e muco, que embora tenha uma função protetora da mucosa, em excesso pode interferir na atividade de bactérias comensais.
Dada a complexidade dos efeitos, é importante considerarmos que os sintomas vão variar entre indivíduos, mas no geral incluem gases, inchaço e diarreia.
POR QUE HÁ ESSA DIVISÃO?
O que determina que tipo de ß caseína a vaca vai produzir é seu genótipo. Podemos ter três genótipos possíveis, o A1A1, onde as vacas produzem somente a ß-caseína A1, A1A2 onde os animais têm capacidade de produzir ambas ß-caseínas, ou A2A2, em que os animais produzem somente a ß caseína A2.
Como o leite que compramos no nosso dia-a-dia não tem nenhum controle em relação a isso, ele possui ambas as caseínas, A1 e A2.
Todas as outras fêmeas mamíferas, incluindo a humana, produzem a ß caseína A2 no seu leite. A vaca, há cerca de 10 mil anos, sofreu uma modificação aleatória em seu DNA que a permitiu produzir também a Caseína do tipo A1. Logo, o leite do tipo A2 nada tem a ver com engenharia genética, ele vem da composição genética original da vaca, tudo que os produtores fazem é cruzar animais que possuem o gene A2 para mudar ou aumentar seu rebanho de vacas A2A2.
Estudos mostram que as raças zebuínas têm uma maior prevalência de genótipo A2A2, mas não é uma exclusividade delas, muitas raças taurinas, como a holandesa, tem um grande rebanho com genótipo A2A2. Isso nos faz acreditar que provavelmente a mutação que deu origem ao gene A1 começou nessas raças taurinas. Segundo um estudo feito no sul do brasil a prevalência de animais holandeses A2 era de 50%, enquanto que a de animais da raça gir era de 92%.
APLV E INTOLERÂNCIA À LACTOSE
A intolerância à lactose ocorre devido a deficiência na produção de lactase, a enzima que quebra a lactose em glicose e galactose. Se não houver essa quebra a lactose é fermentada por bactérias no intestino, formando gases e um desequilíbrio osmótico, gerando um desconforto abdominal e até diarreia. A lactose é um carboidrato, que nada tem a ver com a ß caseína, que é uma proteína. Logo a resposta para essa pergunta é NÃO, o leite A2 não é recomendado para pessoas com intolerância à lactose (a não ser que ele esteja em uma apresentação que combine “SEM LACTOSE” + “Leite A2).
Já a APLV ( alergia à proteína do leite de vaca) é uma reação exagerada do sistema imunológico à proteína do leite de vaca. Nas alergias o corpo identifica compostos inofensivos, como neste caso a proteína do leite, como um patógeno, e cria uma reação, muitas vezes exacerbada, contra aquele composto. É a alergia alimentar mais comum na infância e se desenvolve precocemente, geralmente antes do primeiro ano de vida. A boa notícia é que é tratável e após o tratamento e a cura o indivíduo pode consumir lácteos normalmente. A alergia pode ser a ß-lactoglobulina, Ⲁ-lactoalbumina ou caseínas, sendo que o mais comum é que a criança seja alérgica a mais de uma proteína. Portanto o leite A2 não é indicado para quem tem APLV.
A GENTE NÃO CONSEGUE DEIXAR TUDO MAIS FÁCIL. MAS, A SUA DIGESTÃO, SIM!
PRODUTOS A2
Vimos que a única diferença entre o leite A1 e A2 é a sequência de aminoácidos na proteína, o que não é capaz de trazer alterações sensoriais ao leite. Uma pesquisa feita em Minas Gerais com especialistas em queijo mostrou que não há diferença sensorial entre os queijos produzidos com o leite A1 e A2.
Exatamente por não haver mudança entre os leites que é possível produzir qualquer tipo de lácteo a partir do leite A2, trazendo maior conforto intestinal na hora de consumir lácteos, mas sem alterar o sabor e textura que o consumidor já conhece.
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