As certificações de terceira parte são as que trazem maior credibilidade e maior isenção.
Nas certificações de terceira parte:
– Uma parte é a granja, a fazenda, a indústria, o laticínio, o frigorífico, a empresa que tem interesse na certificação (seja a certificação de qualquer tipo);
– Outra parte é criadora e detentora dos protocolos, ou seja, uma equipe formada por profissionais com formação sólida, técnica na área, que cria as regras do jogo, ou seja, o que vai ser avaliado naquele protocolo;
– Outra parte, a “terceira parte”, é a certificadora, ou seja, a empresa que deve ser um órgão certificador internacional que faz as auditorias, que faz a visita. O auditor vai até o sistema produtivo, até a indústria, até o frigorífico etc. e observa o cumprimento daqueles requisitos que estão no protocolo desenvolvido pela empresa detentora do protocolo.
Isso é certificação de terceira parte. Quando uma certificadora cria um protocolo próprio e ela mesmo manda os auditores em seus clientes para fazer aquela auditoria, isso não é certificação de terceira parte.
Flávia Fontes, CEO da FairFood, comenta, “Temos observado casos que preocupam muito, algumas indústrias de insumos tem criado protocolos de certificação como uma forma de bonificar os seus clientes. Mas, na verdade, essa bonificação tem o objetivo de fidelizar clientes, fazer com que os clientes comprem mais, dessa determinada empresa de insumos, que criou a certificação como forma de bônus.”
“Imagina lá na frente, um consumidor descobrindo, por exemplo, que aquela certificação que está na embalagem de uma carne suína, de um lácteo, por exemplo, foi concedida e concebida por uma empresa de insumos, uma empresa de medicamentos ou de nutrição. Fica claro que há um enorme viés ou interesse comercial. Isso joga por terra a credibilidade de uma certificação seja de bem -estar animal, de sustentabilidade, de origem, dentre outras. Na minha opinião, isso é um grande tiro no pé de toda a cadeia toda de produção de proteína animal. Devemos, realmente, lutar com todas as nossas forças para que isso não se torne uma tendência, para que essas empresas não pratiquem esse tipo de certificação que causam problemas de imagem para a cadeia produtiva como um todo”, completa Flávia.